Manifesto a favor da independência das agências reguladoras

As agências reguladoras foram criadas no Brasil a partir de 1997, em um contexto de transformação da posição estatal, que levou o Estado a assumir a missão de regular e fiscalizar os serviços prestados à população por empreendedores públicos e privados.

Criadas como autarquias, pertencem à estrutura da administração indireta e são dotadas de competências instituídas por lei, autonomia administrativa, financeira e patrimonial. Atualmente, há 11 agências reguladoras federais, que são instituições do Estado e não de governos: Agência Nacional de Águas – ANA, Agência Nacional de Aviação Civil – Anac, Agência Nacional de Energia Elétrica – Aneel, Agência Nacional de Saúde Suplementar – ANS, Agência Nacional de Telecomunicações – Anatel, Agência Nacional de Transportes Aquaviários – Antaq, Agência Nacional de Transportes Terrestres – ANTT, Agência Nacional de Vigilância Sanitária – Anvisa, Agência Nacional do Cinema – Ancine, Agência Nacional do Petróleo, Gás Natural e Biocombustíveis – ANP e Agência Nacional de Mineração – ANM.

Missão das agências fiscalizar a prestação de serviços públicos ou de relevância pública e assegurar o equilíbrio entre a qualidade e o custo justo dos serviços e atividades econômicas reguladas, bem como o retorno dos investimentos aos empreendedores e a sustentabilidade dos serviços. São, portanto, parcela fundamental na construção da confiança dos investidores brasileiros e estrangeiros que decidem aportar recursos em parcela relevante dos setores mais relevantes da economia.

Regras de funcionamento são constituídas por excelentes quadros técnicos, contratados, em regra, após concorridos concursos públicos. Sua atuação é pautada na Lei e está sujeita à ampla fiscalização do Legislativo, incluindo o Tribunal de Contas da União, bem como pelo Judiciário, mediante provocação. Ademais, a tomada de decisão, especialmente normativa, se após a realização de consultas e audiências públicas e, muitas das vezes, mediante estudo de impacto regulatório.

Ameaça às agências reguladoras na tramitação da Medida Provisória 1.154/2023, foi apresentada a Emenda 54, de autoria do Dep. Danilo Forte (União/CE), que propõe a criação de conselhos compostos por representantes do Poder Legislativo, Poder Executivo e da sociedade civil para dividir funções de regulação, deslegalização e edição de atos normativos além de se tornarem exclusivos na tomada de decisões inerentes à atividade de contencioso administrativo das agências. Essa proposta é gravíssima, pois:

  • vai na contramão da tendência internacional em favor da consolidação de marcos regulatórios sem ingerência política;
  • representa uma afronta ao processo regulatório em vigor e uma real ameaça à sustentabilidade da prestação dos serviços regulados; e
  • compromete a captação de investimentos nacionais e internacionais.

Por essa razão, a emenda não pode ser aprovada de maneira alguma!

Assinam este manifesto:

Aeroportos do Brasil – ABR
Aliança brasileira da indústria inovadora em Saúde – Abiis
Associação Brasileira da Indústria de Tecnologia para Saúde – ABIMED
Associação Brasileira da Infraestrutura e Indústrias de Base – ABDIB
Associação Brasileira das Concessionárias Privadas de Serviços Públicos de Água e Esgoto – ABCON
Associação Brasileira das Empresas Aéreas – ABEAR
Associação Brasileira das Empresas de Serviços em Auxiliares do Transporte Aéreo – Abesata
Associação Brasileira das Empresas de Transmissão de Energia Elétrica – ABRATE
Associação Brasileira das Empresas Distribuidoras de Asfaltos – ABEDA
Associação Brasileira das Empresas Distribuidoras de Gás Canalizado – ABEGÁS
Associação Brasileira das Indústrias de Vidro – ABIVIDRO
Associação Brasileira das Prestadoras de Serviços de Telecomunicações Competitivas – TelComp
Associação Brasileira de Agências Reguladoras – ABAR
Associação Brasileira de Armazenamento e Qualidade de Energia – ABAQUE
Associação Brasileira de Bioinovação – ABBI
Associação Brasileira de Biogás – Abiogás
Associação Brasileira de Companhias de Energia Elétrica – ABCE
Associação Brasileira de Concessionárias de Rodovias – ABCR
Associação Brasileira de Distribuidores de Energia Elétrica – ABRADEE
Associação Brasileira de Energia Eólica – ABEEólica
Associação Brasileira de Energia Nuclear – ABEN
Associação Brasileira de Geração de Energia Limpa – ABRAGEL
Associação Brasileira de Geradoras Termelétricas – ABRAGET
Associação Brasileira de Importadores e Distribuidores de Produtos para Saúde – Abraidi
Associação Brasileira de PCHs e CGHs – ABRAPCH
Associação Brasileira de Planos de Saúde – ABRAMGE
Associação Brasileira de Provedores de Internet e Telecomunicações – Abrint
Associação Brasileira de Provedores de Internet e TV por Assinatura de Pequeno Porte (PPP) –
Associação NEO
Associação Brasileira de Recuperação Energética de Resíduos – ABREN
Associação Brasileira do Alumínio – ABAL
Associação Brasileira do Carvão Mineral – ABCM
Associação Brasileira dos Comercializadores de Energia – ABRACEEL
Associação Brasileira dos Investidores em Autoprodução de Energia – ABIAPE
Associação Brasileira dos Produtores Independentes de Energia Elétrica – APINE
Associação Brasileira dos Terminais Portuários – ABTP
Associação Brasileira para Desenvolvimento Atividades Nucleares – ABDAN
Associação da Indústria de Cogeração de Energia – COGEN
Associação de Investidores em Infraestrutura Multissetorial – MoveInfra
Associação Nacional dos Consumidores de Energia – ANACE
Associação Nacional dos Grandes Consumidores Industriais de Energia e de Consumidores Livres – ABRACE
Associação Nacional dos Transportadores Ferroviários – ANTF
Associação Nacional dos Usuários do Transporte de Carga – ANUT
Associação para o Progresso da Infraestrutura – APEOP
Câmara Brasileira da Industria da Construção – CBIC
Câmara Brasileira de Diagnóstico Laboratorial – CBDL
Conselho de Consumidores da Energisa Sergipe – CONCESE
Conselho de Consumidores de Energia da Cemig – ConCemig

Conselho Nacional de Consumidores de Energia Elétrica – Conacen
Federação Nacional das Operações Portuárias – FENOP
Federação Nacional de Saúde Suplementar – FenaSaúde
Fórum das Associações do Setor Elétrico – FASE
Fórum de Meio Ambiente e Sustentabilidade do Setor Elétrico – FMASE
Frente Nacional dos Consumidores de Energia
Instituto Brasileiro de Defesa do Consumidor – IDEC
Instituto Brasileiro de Mineração – IBRAM
Instituto Brasileiro de Petróleo e Gás – IBP
Instituto Clima e Sociedade
Instituto de Engenharia do Paraná – IEP
Instituto Pólis
Movimento Brasil Competitivo – MBC
Sindicato da Indústria da Construção Civil do Estado de São Paulo – SindusCon–SP
Sindicato da Indústria de Produtos Farmacêuticos – Sindusfarma
Sindicato Nacional das Empresas de Telefonia e de Serviço Móvel, Celular e Pessoal – Conexis Brasil Digital
Sindicato Nacional das Empresas Distribuidora de GLP – Sindigás
Sindicato Nacional das Empresas Prestadoras de Serviços Auxiliares de Transporte Aéreo – SINEATA

 

Última atualização em 19/04/2023

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