Estudo revela o peso da energia no orçamento dos brasileiros

Qual é o impacto do preço da energia nos produtos que os brasileiros consomem? Estudo técnico contratado pela ABRACE à Ex Ante Consultoria Econômica evidencia os reflexos do processo contínuo do encarecimento da energia elétrica e do gás natural – duas importantes fontes de energia empregadas na produção e no consumo final das famílias – na cesta básica dos brasileiros, no orçamento familiar e sobre os custos de produção da indústria brasileira. Um custo que superou fortemente os índices de inflação.

 Consumidores residenciais

A tarifa residencial de energia elétrica acumulou variação de 276,7% e o custo do gás de botijão cresceu 260,7%, considerando dados do IBGE consolidados em 2019. A elevação dos custos com energia elétrica e gás natural em todos os segmentos do mercado acarretaram perda de bem-estar para as famílias brasileiras. Isso porque os consumidores de energia elétrica e de gás nas residências são apenas uma pequena parte da energia necessária para atender ao consumo das famílias brasileiras.

Além da energia recebida em casa, as famílias utilizam energia elétrica e o gás natural incorporados na produção das mercadorias e serviços que compõem a sua cesta de consumo. É a energia que está embutida nos bens e serviços consumidos. Fazem parte dessa energia, por exemplo, a eletricidade empregada nos frigoríficos para manter a carne fresca e nas panificadoras para assar o pão, a energia elétrica necessária na fabricação de produtos de higiene e limpeza ou a eletricidade e o gás natural contidos nos materiais de construção empregados numa reforma.

E o estudo da ABRACE com a Ex Ante mensura esse impacto.

Já no café da manhã, o pãozinho de cada dia é um dos itens que mais sentem o peso do aumento das contas de energia – assim que sai do forno, 31% do preço final do pão é a energia e o gás usados em todo o processo de produção. Um repasse inevitável a cada alta do insumo. O leite sente um impacto ainda maior – 31,3% do preço final é energia. Manteiga, queijo e iogurte, 26,2%.

O peso é ainda maior entre as carnes e o leite – 33,3% do preço da gôndola é energia.

O peso da energia representa 23,1% do preço final da cesta básica, considerando ainda pescados, laticínios e farináceos.

O reflexo direto do custo da energia sobre os preços não se limita à cesta básica. O estudo encomendado pela ABRACE mostra outros exemplos de produtos e serviços que são impactados a cada reajuste. Como é o caso do material escolar e do vestuário.

 Caderno:  35,9% do preço final

Lápis:  14,8% do preço final

Borracha: 24,5% do preço final

Vestuário:  12,4% do preço final

A construção da casa própria é outro processo que vem sofrendo o impacto do aumento contínuo do custo da energia. De forma direta, as empresas do setor consomem pouca energia, mas são grandes consumidoras de energia elétrica embutida nas matérias-primas usadas nas obras. Para cada unidade de energia elétrica consumida nos canteiros de obra havia o consumo de quase 14 unidades de energia elétrica contidas nos materiais de construção.

MATERIAIS DE CONSTRUÇÃO

Esquadria:  25,3% do preço final

Tubos de PVC: 24,5% do preço final

Vidro e cimento: 24,5% do preço final

 

BENS DE CONSUMO DURÁVEIS

Automóvel:  14,1% do preço final

Eletroeletrônicos: 10,6% do preço final

 

Internet e Softwares – 19,1%

Telefonia fixa e celular – 17%

 

O custo é igual para todos os brasileiros?

As famílias de menor poder aquisitivo gastam relativamente mais com a energia. No caso das famílias com renda de até R$ 1.908 por mês em 2018, as contas de luz e gás e as despesas com combustíveis absorviam 9,1% da renda. As despesas totais com energia, incluindo a energia contida nas mercadorias e serviços se aproxima de 18% da renda famílias.

O impacto para a indústria

A crise industrial, parcialmente causada pelo aumento das despesas com energia, refletiu-se na perda de dinamismo do crescimento econômico. A queda da produção industrial não apenas conteve a taxa de expansão do PIB, como reduziu a demanda por bens e serviços intermediários não produzidos, deixando de gerar renda e emprego.

O primeiro aspecto que chama atenção é o fato de que a indústria teve uma evolução bastante desfavorável do custo unitário com energia elétrica. Entre 2000 e 2021, o índice de custo unitário em reais passou de 100 para quase 1.100, indicando um aumento de quase 1.084% em 21 anos. O custo unitário com gás natural da indústria Brasileira registra uma variação acumulada foi de 1.894%, em 21 anos.

A pesquisa da ABRACE traz informações de produção e custos que permitem fazer análises bastante detalhadas sobre a dinâmica da indústria além disso a pesquisa traz informações harmonizadas para todos os setores industriais o que possibilita a comparação setorial. Os resultados do estudo são contundentes.

A reversão do processo de encarecimento da energia e do gás natural tem o poder de restabelecer bases sólidas para o investimento industrial, com efeitos sobre a geração de renda e emprego em toda a economia. O crescimento do PIB saltaria de 1,7% ao ano para 3,8% ao ano na média dos próximos dez anos. A população ocupada cresceria num ritmo mais acelerado, o que significaria a abertura de 7 milhões de postos de trabalho a mais que o projetado no cenário de referência (IBGE).

O crescimento do PIB saltaria de 1,7% ao ano para 4,8% ao ano na média dos próximos 10 anos, com impacto mais forte no período entre 2023 e 2028. A taxa de expansão do PIB per capita passaria de 1,1% ao ano para 4,2% ao ano na média dos próximos 10 anos, permitindo que a renda média do brasileiro cresça mais rapidamente do que a média mundial.

Uma política que permita preços da energia elétrica e do gás natural para níveis competitivos deve ser entendida como uma política de crescimento econômico, mas sobretudo como uma política de desenvolvimento humano. O avanço das condições materiais da sociedade brasileira, alcançado com o crescimento econômico mais rápido, inclui o aumento da expectativa de vida da população e da escolaridade média das novas gerações. E tudo isso tem impacto sobre o desenvolvimento humano, tomando por referência o IDH – Índice de Desenvolvimento Humano do Programa das Nações Unidas.

De acordo com o estudo da ABRACE é possível projetar os efeitos do crescimento econômico mais intenso sobre o posicionamento do Brasil no ranking internacional de desenvolvimento humano. Em 2000, o IDH do Brasil era de 0,685, e o País ocupava a 75ª posição do ranking. Passadas duas décadas, o Brasil caiu 9 posições. O País poderia progredir mais rapidamente no ranking de desenvolvimento humano alcançando índices próximos ao de países como México e Ucrânia esse é um avanço que não pode ser ignorado à custa de aumentar o atraso do Brasil em relação ao desenvolvimento econômico e humano de outros países.

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