Especial Transição Energética: conheça a experiência da CBA

A indústria brasileira pode adotar diversas medidas para contribuir com o processo de transição energética no País. Optar por uma energia proveniente de fontes renováveis, incentivar a reciclagem e investir em tecnologias são algumas das iniciativas que fazem a diferença. Com planejamento e estratégia é possível, inclusive, produzir material essencialmente eletrointensivo de maneira menos poluente. Entenda mais na entrevista com Leandro Faria, gerente geral de Sustentabilidade na CBA.

O que a CBA entende por transição energética, considerando seus projetos?

A mudança climática é um grande problema global. Por isso, precisamos tomar medidas urgentes e uma delas é a transição para uma matriz energética mais renovável. E é aí que entra o alumínio como um grande facilitador dessa transição. O alumínio está presente em diversos segmentos da energia, como nos equipamentos de geração eólica e solar. Quando isso é somado a um alumínio de baixo carbono, como é o caso da CBA, amplificamos o efeito positivo. Em termos numéricos, a média global de emissões por tonelada de alumínio líquido – que é a parte mais eletrointensiva e carbono intensiva da produção – representa mais de 70% das emissões. O resultado disso é uma média de 12,8 toneladas de CO2 equivalente por tonelada de alumínio líquido. No caso da CBA é 2,56, ou seja, 5 vezes menor.

Quais ações já foram iniciadas?

A CBA possui geração própria de energia elétrica. São 21 usinas hidrelétricas com capacidade de gerar 1,4 GW, suficiente para atender 100% da eletricidade consumida na Fábrica de Alumínio. Desse montante, consumimos em média 0,72 GW. Se acessamos no mercado alguma outra energia para compor a nossa necessidade, asseguramos que ela tenha o I-REC, garantindo que 100% da nossa energia é rastreável e renovável. Além disso, a CBA vem buscando diversificar sua matriz energética, com investimentos em soluções de eólica, solar e o uso de biomassa em substituição ao gás natural e óleo combustível. Essas ações são fundamentais para a transição energética e são um ponto central da nossa estratégia ESG 2030, que traz a meta ambiciosa de reduzir 40% das nossas emissões de produtos fundidos. Levando em consideração o ano base de 2019, nós já reduzimos cerca de 25% dos 40%. Isso foi possível, por exemplo, com a substituição do gás natural e do óleo diesel que abastecia as nossas caldeiras por biomassa de área de reflorestamento. Estamos investindo também em reciclagem, uma vez que o alumínio é infinitamente reciclável. Quando usamos o alumínio reciclado, pulamos a etapa da extração do minério, da produção de óxido e do alumínio líquido, ou seja, usamos 5% da energia necessária para fazer o mesmo volume de metal. Estamos instalando uma nova linha de tratamento de sucata na Metalex, que hoje tem capacidade de fazer alumínio com mais de 60% de conteúdo reciclado, para chegar a 80%.  Outro projeto de destaque é a Modernização da Tecnologia das Salas Fornos, com uma previsão de redução de 20% nas emissões de gases de efeito estufa nesse processo, menor consumo de óxido de alumínio e aumento da eficiência energética. Além disso, estamos buscando parcerias com grandes empresas de consultoria para trabalhar a eficiência energética. Para esse ano, estamos trabalhando em iluminação, compressores e motores e prevemos uma redução significativa no consumo

Em 2022, a CBA teve sua meta de redução de emissões de gases de efeito estufa aprovada pelo Science Based Target, que mensura a efetividade da meta na contribuição que o mundo precisa, de acordo com o estabelecido no Acordo de Paris. Somos a primeira produtora de alumínio primário do mundo a obter esta aprovação.

Você acredita que o setor produtivo brasileiro já prioriza esse viés da sustentabilidade?

Acredito que sim, e esse é o nosso caso. Apesar de ESG ser um tema relativamente recente, nós já trabalhamos com essa perspectiva de geração de valor compartilhado há bastante tempo e por isso temos condições de entregar resultados. Precisamos entender que ESG é muito mais do que uma sigla, é um processo que tem a ver com algumas avenidas de geração de valor que a sociedade já entendeu. As pessoas são cada vez mais movidas por propósitos. Então, empresas que querem atrair, reter e desenvolver talentos precisam olhar para a agenda ESG. Eu entendo que ainda existem aspectos que precisam ser ajustados, mas esse tema chegou para ficar e só vai crescer ao longo do tempo. É uma agenda que não tem volta, é algo ligado ao propósito das pessoas, das companhias e das nações.

Você entende que o Brasil está em um bom patamar em transição energética?

Nós acreditamos que o Brasil tem um potencial enorme de geração de impacto nessa agenda. E temos visto setores da economia se movimentando nessa direção. Se fizermos um recorte para a questão da eficiência energética, o Brasil tem um potencial enorme de energia limpa. Um exemplo é a reciclagem. O Brasil tem uma das 5 melhores taxas de reciclagem no mundo. É claro que sempre há espaço para melhorar, mas acredito que estamos organizando as ações, e aí é muito importante que o setor privado, o governo e a população se mobilizem nas causas, porque o efeito é coletivo.

Voltando ao setor produtivo brasileiro. O investimento realizado pelas indústrias é revertido em diferencial competitivo? Ou é uma tendência que está sendo seguida por todas (ou maioria) e vai gerar um impacto neutro nos negócios?

Toda essa agenda nos impulsiona para atrair ou fidelizar mais clientes. Temos visto movimentos no mundo todo de empresas e governos comprometidos e buscando parcerias. Grandes players da indústria automotiva, por exemplo, estão firmando parcerias com grandes players do alumínio para fornecimento de alumínio de baixo carbono, porque faz parte daquela indústria Clientes da CBA de diversos segmentos estão interessados nisso, porque eles têm os seus clientes cobrando produtos cada vez mais sustentáveis. Então esse efeito na cadeia vai acontecendo. Ou seja, acredito que existe efeito no nosso business em função dessas vantagens competitivas.

 Qual a importância da regulamentação do Mercado de Carbono no Brasil?

A regulação do mercado de carbono é um instrumento fundamental para que possa haver avanço. Não é o único, mas é importantíssimo para que a agenda da transição energética evolua. E, nós da CBA estamos absolutamente preparados para atuar nesse mercado, mesmo porque, embora o alumínio seja eletrointensivo, na CBA o alumínio é de baixo carbono.

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