Especial Transição Energética: conheça a experiência da Air Liquide

A ABRACE retoma o projeto Transição Energética, iniciativa que busca entender como as indústrias brasileiras estão colocando em prática ações que visam a eficiência energética. A série conta com entrevistas de empresas associadas.

A pauta da transição energética já é um tema prioritário no setor produtivo. Além da implementação de matrizes energéticas renováveis, o dia a dia das indústrias é diretamente impactado por aprimoramentos em processos e produtos, na busca por uma economia de baixo carbono. Nesse sentido, confira a seguir o que pensa Sergio Gutierrez, Gerente de Negócios para o segmento Large Industries da Air Liquide, sobre o assunto:

O que a Air Liquide entende por transição energética, considerando seus projetos?

Para a Air Liquide, a transição energética é o caminho para alcançar um futuro sustentável. Nós participamos desse movimento reduzindo nossas emissões de CO2 e de nossos clientes por meio do fornecimento de gases industriais de baixo carbono, captura e gestão de CO2 e transformando os processos industriais de nossos clientes. A Air Liquide se comprometeu a começar a reduzir as emissões de CO2, em valor absoluto, em 2025 e reduzir nossas emissões em um terço até 2035, alcançando a neutralidade de carbono até 2050.

Quais ações já foram iniciadas?

A Air Liquide já começou, há alguns anos, a atuar em compromissos de descarbonização. Um exemplo é o eletrolisador de 20MW no Canadá, que iniciou operações em 2021. Esse eletrolisador fornece hidrogênio livre de carbono para nossos clientes industriais. Também temos uma planta de hidrogênio líquido de 30 toneladas por dia em Nevada, nos EUA. Essa planta visa atender 40.000 veículos à base hidrogênio, formando parte de todo esse movimento do hidrogênio na transição energética. No Brasil, a Air Liquide assinou importantes acordos de energia renovável para abastecer nossas instalações de produção de fases do ar e atualmente capturamos o CO2 da nossa produção de hidrogênio.

Qual o planejamento para o futuro (curto, médio e longo prazo) em relação às ações que promovem e visam contribuir com a transição energética?

No curto prazo, continuaremos com as ações mencionadas anteriormente. A médio prazo, a Air Liquide planeja implantar sua estratégia de descarbonização de bacias industriais já estabelecidas. Esse processo já está sendo realizado em um projeto em Normandia, na França – e vamos fazer também em outras bacias aqui no Brasil –, que consiste em descarbonizar a rede existente de hidrogênio com um eletrolisador, com a captura e estocagem de CO2. Além disso, vamos continuar contribuindo na transformação dos processos industriais de nossos clientes através da produção de hidrogênio livre de carbono e serviços de captura de CO2. No longo prazo, a Air Liquide se comprometeu a investir, até 2035, 8 bilhões de euros na cadeia de fornecimento de hidrogênio de baixo carbono. Esse compromisso da Air Liquide é internacional e inclui também o Brasil. Além disso, continuaremos nossos esforços para alcançar a neutralidade de carbono e apoiar nossos parceiros e clientes para fazê-lo também.

A Air Liquide acredita que o setor produtivo brasileiro já prioriza esse viés da sustentabilidade?

Acredito que sim. Assim como a Air Liquide, outras empresas no Brasil estabeleceram objetivos de descarbonização e já começaram a agir sobre eles. Frequentemente é anunciado um novo projeto alinhado à transição energética. De fato, todas as semanas temos uma nova conversa com clientes e potenciais clientes sobre projetos de transição energética. Também vimos isso em nossos parceiros através de nosso trabalho diário. No entanto, priorizar não é suficiente, as políticas públicas e autoridades do setor também têm que criar um ecossistema que permita que essas ideias e projetos sejam implementados.

Com relação ao ambiente internacional, a Air Liquide entende que o Brasil está em um bom patamar de investimentos em transição energética? Ou ainda tem muito a avançar?

O Brasil está em um bom nível de investimentos em transição energética, especialmente em geração de energia renovável. Se compararmos o Brasil internacionalmente, temos uma das matrizes energéticas mais limpas, com mais de 80% delas sendo renovável. Ainda assim, como mencionado anteriormente, o Brasil tem muito a avançar em termos de políticas de carbono para estimular a implantação de projetos de transição energética.

Acredita que o Brasil utiliza todo o potencial que tem para promover a transição energética?

O Brasil tem muito potencial para promover a transição energética, mas ainda precisa estabelecer o ecossistema correto para as empresas avançarem com seus projetos. Vimos esse potencial ser plenamente aproveitado em outros países onde projetos de transição energética são incentivados e já estão em construção ou operação. Podemos tomar o recente exemplo do Chile que implementou uma estratégia nacional de hidrogênio verde e ajudou a financiar projetos desse tipo.

Voltando ao setor produtivo brasileiro, o investimento realizado pelas indústrias é revertido em diferencial competitivo? Ou é uma tendência que está sendo seguida por todas (ou maioria) e vai gerar um impacto neutro nos negócios?

Os investimentos realizados pelas indústrias estão sendo revertidos como um diferencial competitivo. Existem companhias que estão avaliando os projetos com base nas emissões de CO2 além dos retornos que estes pudessem trazer. Mais que gerar um impacto neutro nos negócios e dependendo das regulamentações futuras no Brasil, os projetos com menor emissão de CO2 vão ser mais competitivos do que aqueles com altas emissões.

 Qual a importância da regulamentação do Mercado de Carbono no Brasil?

Achamos que é super importante. Pensamos que regular o mercado de carbono no Brasil é um passo importante para gerar um ecossistema que promova projetos de transição energética. Um caminho interessante seria o governo recompensar os esforços de redução das emissões de carbono que ajudariam as empresas a viabilizar projetos sustentáveis. Podemos ver outros países com casos de sucesso onde o mercado de carbono têm sido regulamentado, como a França, Estados Unidos e agora Chile que está com uma estratégia de transição energética. Esses países já têm implementado ações mais concretas e os investimentos estão sendo realizados, não estão somente no papel ou em planejamento, estão sendo feitos.

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