Brasil tem capacidade para triplicar a produção de gás natural e baixar o preço pela metade

Abrace Energia aponta que maior oferta de gás para indústria pode aumentar o PIB em R$ 1,5 trilhões e gerar quase 3 milhões de empregos

O gás natural é considerado o combustível da transição energética e, segundo a Abrace Energia, terá papel fundamental na neo-industrialização do país e na descarbonização da produção, com grandes impactos para a economia nacional e na geração de emprego e renda. A associação apresentará proposta ao governo federal para compor o programa Gás para Empregar, que inclui indicações para o aumento e diversificação da oferta e para a harmonização regulatória.

“Um programa para a utilização do gás significa um grande plano nacional de reindustrialização, investimentos, geração de empregos e descarbonização da economia”, disse Paulo Pedrosa, presidente da Abrace Energia. Estudo recente da Consultoria Ex Ante aponta que a redução do custo do gás natural tem um relevante impacto econômico e social para o país. Um decréscimo significativo no custo provocaria um acréscimo de R$ 1,5 trilhões ao PIB até 2032 e a criação de 2,6 milhões de empregos nos próximos dez anos, além de elevar em R$ 162 bilhões no fluxo anual de investimentos em 2032.

Um dos pilares para o Brasil alcançar esses benefícios é o aumento da oferta nacional de gás. Segundo a Abrace Energia, o país tem potencial para triplicar a oferta nos próximos 10 anos. Para isso, será necessário elevar o investimento da indústria nacional a partir de novas plantas e expansões; aumentar a oferta nacional de gás natural a preços competitivos, incentivando a abertura do mercado e a concorrência; reduzir o montante de gás natural reinjetado; reduzir a concentração na oferta; harmonizar as regulações dos estados e da União de forma a facilitar o desenvolvimento do mercado livre; e fomentar a descarbonização das indústrias, através da substituição de combustíveis mais poluentes por gás natural.

Adrianno Lorenzon, diretor de Gás Natural da Associação explica que a Petrobras ainda detém 82% do mercado firme de gás natural. “A participação de outros agentes na comercialização de gás para o mercado subiu de 1,4%, em 2021, para 18%, em 2022. Esse movimento inicial de abertura do mercado, com a inclusão de outros produtores na venda de gás provocou redução do preço, já que estes praticaram, em média, valores 16,5% inferiores ao da Petrobras”, disse.

Para a Abrace Energia, a questão da reinjeção deve ser analisada pelo governo e regulador, já que os níveis atuais podem se dar acima do limite técnico necessário para recuperação de petróleo. “Isso pode ocorrer por falta de previsibilidade em relação a utilização firme do gás, pelas incertezas em relação ao ambiente de negócio do setor que ainda transita para um ambiente concorrencial e por uma estratégia de sub oferta de gás ao mercado nacional”, explica o diretor.

“O Brasil tem condição única para avançar na descarbonização e reindustrialização a partir do gás. A Abrace tem se dedicado a conversar com os principais elos da cadeia do gás nos últimos meses e traz agora essa visão para contribuir com uma política nacional que construa soluções a longo prazo e que traga grandes benefícios para a indústria e para toda a população, com aumento e desconcentração da oferta, a inclusão de novos investimentos e consequente aumento na geração de empregos e renda. Acreditamos que o governo tem um papel fundamental e estratégico como facilitador nesse movimento de avançar na agenda do gás e estamos dispostos a contribuir no processo”, concluiu Pedrosa.

 

Confira aqui a contribuição da Abrace à neo-industrialização e à transição energética.*

 

* Este documento é aberto a contribuições. Envie sua sugestão para abrace@abrace.org.br

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