Especial Transição Energética: conheça a experiência da Ternium

A eficiência energética na indústria é tema que ganha espaço, sendo uma das principais diretrizes no setor produtivo. Energia renovável, otimização de processos e gás natural são importantes aspectos para uma economia de baixo carbono. No projeto Transição Energética, a ABRACE conversa com os associados para entender como as indústrias brasileiras estão colocando em prática ações que visam a eficiência energética. Confira a seguir o que pensa Pedro Teixeira, vice-presidente da Ternium Brasil, sobre o assunto:

O que a Ternium entende por transição energética, considerando seus projetos?

A transição energética é um desafio para as grandes empresas de buscar utilizar nas suas operações a energia de uma maneira cada vez mais eficiente, levando em consideração os impactos das suas atividades. A Ternium, estando instalada aqui no Brasil, acredita que existe uma vantagem importante: a base da energia renovável que já existe no País. Pelo fato de operarmos aqui, de certa forma estamos inseridos nesse contexto e aproveitamos também as vantagens competitivas que o Brasil oferece em termos de energias renováveis. A transição energética é uma provocação constante para sempre revisitarmos a maneira como utilizamos a energia e também pensamos formas mais eficientes para continuar usando energia com menos desperdício e com menor impacto possível.

Quais ações já foram iniciadas?

Desde a sua concepção, a Ternium foi montada com esse conceito de reaproveitamento máximo de tudo aquilo que é gerado no processo siderúrgico. Então, ao falar da principal conexão entre eficiência e transição energética, eu citaria a nossa termelétrica. Nós temos uma central termelétrica – só existem três no mundo – que faz um aproveitamento ótimo de todos os gases e vapores gerados no processo siderúrgico. Tudo é levado por meio de tubulações internas para as três turbinas e, tanto o vapor da coqueria quanto os gases gerados nos altos fornos e na aciaria, são combustíveis para a geração de energia elétrica.

Uma segunda ação, bastante relevante, é o fato de sermos a única empresa produtora de aço a utilizar o biometano na nossa produção. Esse biometano ou gás natural renovável (GNR) vem a partir de um projeto junto a um grande aterro sanitário da região. Usamos esse recurso renovável em substituição ao gás natural que iríamos consumir vindo da distribuidora estadual.

Além disso, ao longo dos últimos anos, investimos mais de R$350 milhões em diversos projetos internos para melhorar o nosso desempenho energético. Isso faz parte da nossa missão. É um processo contínuo que estamos sempre perseguindo. Entendemos que esse processo nunca termina. Está no nosso DNA essa busca pela excelência e pela melhoria contínua no aspecto energético.

Qual o papel do gás natural na transição energética?

Quando a gente fala de transição energética, precisamos abordar também o tema do gás natural. A gente tem acompanhado todo o movimento da indústria para sensibilizar os diversos atores nacionais da importância estratégica em aproveitar todo esse potencial de geração de gás natural, principalmente com a camada do pré-sal. Isso porque, na indústria siderúrgica, o gás tem papel fundamental como combustível de transição. Quanto mais gás natural a gente usa na produção do aço, menos carvão e menos carbono entram na nossa equação. Então, dentro do conceito de transição energética, na nossa busca maior que é para uma economia de menor pegada de carbono, entendemos que, para a siderurgia, é fundamental que a gente possa aproveitar essa disponibilidade grande de gás natural que o Brasil vai ter já em alguns anos.

Qual o planejamento para o futuro (curto, médio e longo prazo) em relação às ações que promovem e visam a contribuir com a transição energética?

O primeiro ponto que eu acho importante destacar é o compromisso público que a Ternium assumiu de redução em 20% da intensidade carbono na produção de aço. Esse compromisso está publicado e bem detalhado em diversas ações e projetos, todos eles já em curso. Até 2030, vamos alcançar essa redução importante de 20% na nossa intensidade de emissão de carbono. Dando um exemplo concreto, vamos aumentar em 80% a utilização de sucata ferrosa na produção de aço. E o que significa isso? Quanto mais sucata menos carvão e carbono a gente coloca na equação.

No médio prazo, nós acreditamos muito no gás natural. E esse movimento do gás natural já começou com a nova legislação no país, mas ele é bastante complexo, porque ele depende de regulamentações federal e estaduais, além do componente fiscal e tributário que não é menos importante. Então, precisamos continuar com o trabalho institucional de falar muito desse tema e de convencer as autoridades da importância estratégica do gás na geração de emprego, na melhoria da competitividade e da sustentabilidade das empresas brasileiras, mas o grande desafio aqui é a gente criar as condições para que a oferta de molécula de gás de fato aumente.

Você acredita que o setor produtivo brasileiro já prioriza esse viés da sustentabilidade? Explique.

Acredito que, além de ser uma prioridade, é um caminho sem volta. Há quatro anos algumas empresas falavam de ESG, importando o termo lá de fora. Agora a gente vê todo mundo falando de ASG, que já é o ESG trazido para o português e nós acreditamos que esse processo todo foi, de uma certa forma, acelerado durante a pandemia. Especificamente falando da Ternium, não temos dúvida, isso para a gente é uma realidade e temos trabalhado para capturar de forma mais rápida essas melhorias e acompanhar o desenvolvimento tecnológico.

Qual o papel do aço nesse processo de transição energética?

Essa agenda é irreversível e ela está sendo acelerada. E quando a gente olha as soluções, eletrificação, energias renováveis, hidrogênio, várias tecnologias e várias realidades que já estão aí postas, a conclusão é inevitável, o aço faz parte de todas as soluções. Então, a certeza que nós temos é de que esse mundo mais descarbonizado, esse mundo mais sustentável só acontecerá com a utilização do aço. Por isso, um dos grandes desafios que nós temos na Ternium é estabelecer a maneira mais sustentável de produzir o aço que é necessário para essa nova realidade. Porque não existe nenhum desenho de uma sociedade sustentável sem o aço. Isso é algo que a gente, de fato, não vê.

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