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Os impactos do aumento dos custos de energia no orçamento dos brasileiros

Além da conta de luz residencial, o custo da energia interfere no preço de produtos consumidos pelos brasileiros. Na cesta básica, o peso da energia é de estimativamente 23,1% do preço final das mercadorias que a compõem

Contratado pela ABRACE Energia, um estudo técnico recente da Ex Ante Consultoria Econômica expõe os impactos alarmantes do contínuo encarecimento da energia elétrica e do gás natural (duas importantes fontes de energia empregadas na produção industrial) sobre o preço dos produtos essenciais e seu reflexo no poder de compra dos brasileiros.

A pesquisa conduzida por Fernando Garcia de Freitas e Ana Lelia Magnabosco detalha como os elevados custos de energia elétrica e gás natural comprometem a competitividade da indústria nacional e influenciam diretamente o preço final de bens e serviços básicos, afetando a economia familiar de milhões de brasileiros. O estudo coloca em evidência as consequências nocivas para a economia do aumento expressivo do custo da energia.

O peso da luz
O estudo revela que, entre 2000 e 2022, o custo unitário da energia elétrica para a indústria brasileira aumentou impressionantes 1.154%, enquanto o custo unitário do gás natural cresceu 3.128% no mesmo período. Em comparação, os preços industriais aumentaram 585% e o Índice de Preços ao Consumidor Amplo (IPCA) acumulou uma variação de 291%. Esses aumentos expressivos superam de longe a inflação e destacam o impacto significativo sobre os custos de produção industrial.

A elevação dos custos com energia elétrica e gás natural em todos os segmentos do mercado acarretou perda de bem-estar para as famílias brasileiras. Isso porque os consumidores de energia elétrica e de gás nas residências são apenas uma pequena parte da energia necessária para atender ao consumo das famílias brasileiras. Além da energia recebida em casa, as famílias utilizam energia elétrica e o gás natural incorporados na produção das mercadorias e serviços que compõem a sua cesta de consumo. É a energia que está embutida nos bens e serviços consumidos.

Fazem parte dessa energia, por exemplo, a eletricidade empregada nos frigoríficos para manter a carne fresca e nas panificadoras para assar o pão, a energia elétrica necessária na fabricação de produtos de higiene e limpeza ou a eletricidade e o gás natural contidos nos materiais de construção empregados numa reforma.

O estudo da ABRACE com a Ex Ante mensura esse impacto. O perfil de consumo de eletricidade das empresas brasileiras e o padrão de consumo de mercadorias e serviços das famílias brasileiras revelam que, para cada unidade de eletricidade consumida diretamente pelas famílias brasileiras e pagas na conta de luz, são consumidas 2,3 unidades adicionais de energia elétrica nas mercadorias e serviços consumidos no país e nos bens públicos ofertados à população (educação, saúde, segurança pública etc.).

O peso da energia no preço da cesta básica dos consumidores brasileiros é de estimativamente 23,1% do preço final das mercadorias que compõem a cesta. Estima-se que o peso dessas duas fontes energéticas no custo de vida das famílias brasileiras, incluindo as despesas com serviços, seja de 17,1% do total de seus gastos.

Já no café da manhã, o pãozinho de cada dia é um dos itens que mais sentem o peso do aumento das contas de energia – assim que sai do forno, 27,2% do preço final do pão é a energia e o gás usados em todo o processo de produção. Um repasse inevitável a cada alta do insumo. O peso é ainda maior entre as carnes e o leite – 33,3% do preço da gôndola é energia.

O reflexo direto do custo da energia sobre os preços não se limita à cesta básica. O estudo encomendado pela ABRACE Energia mostra outros exemplos de produtos e serviços que são impactados a cada reajuste. Como é o caso do material escolar e do vestuário.

O custo é igual para todos os brasileiros?
As famílias de menor poder aquisitivo gastam relativamente mais com a energia. No caso das famílias que ganhavam até R$ 1.908,00 por mês, em 2018, as contas de luz e gás e as despesas com combustíveis absorviam 9,1% da renda familiar. As despesas totais com energia, incluindo a energia contida nas mercadorias e serviços se aproximava de 18% da renda familiar. Esses pesos eram sensivelmente menores nas famílias de maior poder aquisitivo.

Consequências Econômicas e Competitivas
O estudo detalha como esses aumentos de custos contribuíram para a perda de competitividade da indústria brasileira, que teve que enfrentar uma queda nos preços das manufaturas devido ao avanço da produção chinesa desde o final dos anos 2000. Esse cenário resultou em uma redução das margens de lucro e no baixo investimento, levando até ao fechamento de fábricas em diversos setores.

Cenários Futuramente Competitivos
Segundo a análise, uma reversão no processo de aumento dos custos de energia poderia ter efeitos substanciais na economia brasileira. A projeção indica que o crescimento do Produto Interno Bruto (PIB) poderia saltar de uma média de 1,9% ao ano para 3,7% ao ano nos próximos dez anos, com um impacto mais forte entre 2028 e 2033. O PIB per capita também teria um aumento significativo, passando de uma média de 1,4% ao ano para 3,2% ao ano.

Impactos Potenciais
Em termos absolutos, o PIB brasileiro poderia alcançar R$ 2,625 trilhões a mais em 2033 do que o previsto em cenários sem reversão de custos. Esse valor supera a soma do PIB dos estados de São Paulo e Paraná juntos. A redução dos custos de energia também teria um impacto positivo na inflação, ajudando a manter as taxas de juros em níveis baixos, o que é crucial para a recuperação econômica de longo prazo.
O estudo enfatiza que a competitividade energética é fundamental para o crescimento sustentável da economia brasileira. Políticas que promovam a redução dos custos de energia podem, portanto, ser vistas como um passo essencial para revitalizar a indústria nacional e estimular o desenvolvimento econômico.

 

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