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Entrevista com a Conselheira Juliana Chagas

O potencial de transformação e aplicação de inovações tecnológicas posiciona a indústria como um agente fundamental na transição energética. O investimento em soluções que buscam a sustentabilidade faz parte de uma agenda mundial e o setor produtivo vem contribuindo fortemente com esse movimento. Essas mudanças, no entanto, demandam uma modernização das regras, como é caso do setor elétrico. Segundo Juliana Chagas, Gerente Geral Otimização e Comercialização Energia da Vale e membro do Conselho Diretor da Abrace, é importante que haja um acompanhamento das evoluções que estão acontecendo a fim de adequar e fomentar um mercado justo e competitivo.

Qual o papel da indústria para a transição energética brasileira?
O desafio de descarbonização é uma agenda mundial necessária e a indústria brasileira tem um papel fundamental não só por sua responsabilidade nas emissões atuais (grande participação nos setores hard to abate) mas também pela sua capacidade de transformação de processos com inovação tecnológica, desenvolvimento e investimentos. As soluções buscadas hoje pela indústria para substituição de combustíveis fósseis são essenciais para garantir um futuro sustentável, uma vez que contribuem para destravar alternativas promissoras seja com o avanço das questões tecnológicas seja com a indução de novas cadeias produtivas.

Por que a modernização do setor elétrico brasileiro é tão importante?
O Brasil tem uma matriz de geração limpa e renovável, com crescente participação de energia solar e eólica. Isso coloca o nosso país em posição privilegiada na transição energética, quando comparado com outros países. Mas como em outros países, o setor precisa se modernizar e acompanhar as evoluções que vêm acontecendo desde o segmento da geração até o consumo final. Grandes desafios relacionados à recente evolução da matriz de geração, subsídios setoriais, desafios de transmissão e outros importantes temas precisam ser rediscutidos e redefinidos para garantir um ambiente seguro e justo para sustentabilidade do setor e para manter o diferencial do nosso país na transição energética.

O que podemos esperar e como o setor de gás natural deve avançar a partir do cumprimento da harmonização regulatória, estabelecida na Lei do Gás, a qual estabelece que os estados devem acompanhar o que foi definido em lei federal?
A harmonização regulatória no mercado de gás natural é essencial uma vez que, ao discutir e definir fundamentos técnicos e econômicos aplicáveis para todo o país, deve-se alcançar clareza, segurança e atratividade para o setor, essencial no momento atual de transição energética. A uniformidade de regras e legislação é fundamental para permitir a tomada de decisão de grandes investimentos, além de fomentar um mercado justo e competitivo.

Qual a importância da ABRACE para os consumidores, para a indústria e para o desenvolvimento do setor energético?
A ABRACE possui uma equipe técnica de referência, capaz de promover discussões e propor soluções justas e sustentáveis, o que se torna ainda mais relevante quando várias agendas importantes no setor estão acontecendo. Isso traz segurança aos associados que têm seus interesses defendidos com coerência, na evolução do arcabouço regulatório do setor. Soma-se a isto uma importante interlocução mantida no setor, pautada na busca de competitividade, eficiência dos custos e sustentabilidade da indústria brasileira.

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