As metas de descarbonização da indústria são ambiciosas, com perspectivas de mais resultados relevantes até 2030. As iniciativas para alcançar os objetivos estabelecidos são diversas e mexem com o processo de produção e uso de tecnologias voltadas à sustentabilidade. Uma das alternativas que o setor produtivo encontra como rota é a substituição de combustíveis por outros que emitem menos carbono. A Braskem, associada da ABRACE Energia, optou por esse caminho na planta localizada em Marechal Deodoro, em Alagoas, onde substituiu o gás natural por biomassa no processo de produção de vapor.
O projeto foi iniciado em 2023 e utiliza biomassa produzida a partir do eucalipto. A expectativa da empresa é de reduzir cerca de 150 mil toneladas de CO2 ao ano. “A análise da oportunidade contemplou a avaliação da matriz energética existente (no caso GN) e os potenciais energéticos para substituição do gás natural tanto nos aspectos de viabilidade econômica como de confiabilidade, flexibilidade e renovabilidade (no caso a biomassa)”, explica o diretor de Energia e Descarbonização Industrial da Braskem, Gustavo Checcucci.
Ele conta que a companhia enfrentou diversos desafios, uma vez que a parte industrial necessitaria de dois anos para ser implementada, enquanto o plantio dura cinco anos para atingir o ponto de corte adequado, fazendo com que seja necessária a compra de biomassa nos três primeiros anos. Apesar dos desafios, a perspectiva é positiva, com a possibilidade de aumento de eficiência e maior uso deste energético, que é competitivo. Ainda, segundo o diretor da Braskem, a empresa estuda replicar a iniciativa no Rio Grande do Sul, com o potencial de redução de emissões duas a três vezes maior do que o de Alagoas.
O diretor de Gás Natural da ABRACE, Adrianno Lorenzon, lembra que apesar do gás natural ser considerado um combustível de transição, indústrias como a Braskem escolhem reduzir o consumo deste energético para a descarbonização por conta da falta de competitividade do gás no Brasil. “Devido às condições do alto custo de gás no Brasil, podemos perder a oportunidade que temos em utilizar essa riqueza que está no pré-sal, como uma transição para nossa indústria, já que elas têm compromissos de descabonização que não podem esperar”, defende.
A Braskem tem como objetivo reduzir as emissões de gases de efeito estufa em 15% até 2030 e alcançar a neutralidade de carbono até 2050. A substituição do gás natural por biomassa representa quase 10% da meta a ser alcançada em 2030. “A Braskem possui um Programa de Descarbonização integrado, no qual as iniciativas são avaliadas com base nas potencialidades regionais do respectivo ativo industrial, considerando o cenário de transição energética e os pilares de transformação para a indústria de baixo carbono (competitividade, renovabilidade, confiabilidade e flexibilidade)”, afirma Gustavo. Entre as iniciativas da empresa estão a eletrificação de equipamentos, maior eficiência de processos petroquímicos, maior uso de otimizadores de energia em tempo real e o avanço no uso de energia renovável. Conheça mais aqui.