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Energia cara ajuda a explicar inflação acima da meta nos últimos 25 anos

Pesquisa da Ex Ante Consultoria, encomendada pela ABRACE Energia, revela que custo da energia explica até 90% do aumento de preços em produtos essenciais e pressiona inflação estruturalmente. Medida Provisória 1.300 pode ampliar o problema

A escalada dos preços da energia elétrica e do gás natural nos últimos 25 anos foi uma das principais responsáveis pela inflação superior à meta no Brasil, afetando diretamente o custo de vida das famílias e comprometendo a competitividade da indústria. É o que revela um novo estudo da Ex Ante Consultoria Econômica, contratado pela ABRACE Energia.

Entre 2000 e 2024, enquanto o IPCA acumulado foi de 326%, o custo unitário da energia elétrica cresceu 1.299% e o do gás natural 2.251% — ou seja, quase quatro a sete vezes mais que a inflação oficial.

Segundo o estudo, o aumento de preços de diversos bens e serviços decorreu principalmente do repasse dos custos energéticos. O pão francês, por exemplo, subiu 509% no período — sendo 85% disso explicado pela energia. O mesmo ocorre com o leite longa vida (86%) e o queijo (92%). Entre os materiais de construção, o cimento teve 218% de alta ligada diretamente ao custo energético. “Essa pressão silenciosa da energia sobre os preços tem sido um dos principais obstáculos à estabilidade econômica do país”, afirma Paulo Pedrosa, presidente da ABRACE Energia. “É impossível controlar a inflação sem enfrentar esse fator estrutural”, completa.

Inflação acima da meta e freio no crescimento

O regime de metas de inflação foi introduzido no Brasil em 1999, com média de 4,3% ao ano. No entanto, a inflação real observada entre 2000 e 2024 superou essa meta em mais de 50%, em boa parte devido ao encarecimento energético. Para além da inflação ao consumidor, o estudo alerta para impactos indiretos: a perda de dinamismo industrial, a compressão de margens, a retração de investimentos e o efeito negativo sobre o emprego.

MP 1.300/2025 pode piorar o cenário
A Medida Provisória 1.300/2025, atualmente em debate no Congresso Nacional, pretende redistribuir encargos para os consumidores do mercado livre — sobretudo a indústria. O estudo projeta que, se aprovada sem alterações, a MP provocará um repique inflacionário de até 2 pontos percentuais no IPCA ao longo dos próximos anos. “Trata-se de uma transferência ineficiente e injusta de custos, que penaliza os setores produtivos e agrava o custo dos produtos essenciais, justamente aqueles que mais afetam a população de baixa renda”, alerta Pedrosa.

Soluções estruturais
A ABRACE defende que os subsídios sociais sejam custeados por instrumentos de política pública, como o Orçamento Geral da União, e não por repasses à cadeia produtiva. A entidade reforça que o país só poderá aproveitar plenamente sua vantagem competitiva em energia limpa e renovável se resolver suas distorções tarifárias e regulatórias.

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