Especial Transição Energética: conheça a experiência da Lundin Mining

A identificação dos pilares do negócio é uma estratégia importante com a finalidade de definir os principais campos de atuação da empresa. Nesse grupo de fundamentos, no entanto, é preciso considerar a transição energética e como ações que visam a sustentabilidade se encaixam nos processos e na organização do todo. A visão de futuro é igualmente relevante. Estabelecer metas e determinar um plano de ação são atividades que precisam ser sopesadas nesse cenário. A Lundin Mining caminha nesse sentido e vem executando uma série de estudos de viabilidade em busca de uma economia mais verde. Confira a experiência da mineradora na entrevista a seguir com Rafael de Souza Almeida, Gerente de Projetos e Construções na Lundin Mining.

O que a Lundin Mining entende por transição energética, considerando seus projetos?

À medida em que a Lundin Mining foi evoluindo e ampliando o seu negócio, também desenvolvemos abordagens perante a todos os principais pilares de se fazer mineração. O foco é a chamada “mineração responsável”, a qual tem como um dos pilares o acompanhamento e a mitigação das questões de mudanças climáticas, em busca de uma economia mais verde. Então, para a Lundin Mining, transição energética é implementar soluções alternativas de energia que sejam diferentes das fontes de alta intensidade de carbono.

Como as ações foram iniciadas?

No fim de 2020, a Lundin Mining iniciou formalmente nossa jornada para nos atualizarmos quanto à sustentabilidade e desenvolver para ela uma nova estratégia de longo prazo. Em 2021, criamos um Grupo de Trabalho para a Sustentabilidade interno e multifuncional para desenvolver nossa abordagem e orientar esse trabalho. Este Grupo realizou um mapeamento aprofundado para identificar os principais temas de sustentabilidade dos nossos negócios.

Essa avaliação material levou em consideração os Objetivos de Desenvolvimento Sustentável (ODS) das Nações Unidas, o Modelo Global sobre a Elaboração de Relatórios (GRI — Global Reporting Initiative), as melhores práticas do setor e o trabalho que temos realizado em nossas operações em todo o mundo. O resultado de nosso projeto de mapeamento e trabalho de preparação está refletido na seguinte afirmação: Foco no Futuro: A Estratégia de Sustentabilidade da Lundin Mining. Para alcançar nossa declaração de propósito, dividimos nosso trabalho em 5 principais prioridades, ou pilares: Gestão Ambiental; Comunidades Prósperas; Força de Trabalho Empoderada; Boa Governança e Resiliência nos Negócios.

E especificamente sobre a transição energética, o que a Lundin Mining tem feito?

Quando voltamos a atenção para a transição energética, dentro do pilar de gestão ambiental, a Lundin Mining declarou uma meta provisória de redução de emissões absolutas de gases de efeito estufa do escopo 1 e 2 de 35% até 2030, com base no consumo de referência de 2019. Além disso, estamos conduzindo benchmarking com pares do setor analisando o perfil de emissão, em uma comparação com outras unidades que têm o setor produtivo parecido com o nosso. Também desenvolvemos uma estratégia de descarbonização focada em cinco áreas: aprimoramento da nossa governança; fontes de energia renovável; eletrificação; combustível de baixo carbono e eficiência energética. A partir disso, elaboramos uma esteira de trabalho e desenvolvemos planos de ação responsáveis, que já estão em andamento. Um exemplo, em termos locais, é o estudo de viabilidade para a eletrificação da nossa frota de caminhões fora de estrada e escavadeiras na mina de Chapada, em Alto Horizonte (GO). Essa iniciativa caminha de acordo com os nossos objetivos, que passam pela redução da pegada de carbono, trazendo mais produtividade das frotas.

Qual o planejamento para o futuro em relação às ações que promovem e visam contribuir com a transição energética?

Como citei anteriormente, nossa estratégia de descarbonização é focada em cinco áreas e dentro de cada uma delas temos ações de curto, médio e longo prazo, como por exemplo:

  • No Pilar “Aprimoramento de nossa Governança” através da definição de metas e planos de ação
  • Nos Pilares “Fontes de Energia” e “Energia Renovável” através da avaliação de parcerias e novos contratos para aquisição de energia de fontes limpas;
  • No Pilar “Eletrificação e Combustível de Baixo Carbono” através do projeto de eletrificação da fora de caminhões fora de estrada e também da revisão das estratégias de manutenção;
  • E por fim, no Pilar “Eficiência Energética” com os Projetos de Excelência Operacional e Inovação

Sob o prisma dos esforços setoriais do tema, a Lundin Mining é associada ao IBRAM sendo signatária à carta compromisso deste instituto para com a sociedade, destacando-se neste documento os esforços focados à energia do qual derivam os compromissos de: Fomentar a redução do consumo de insumos naturais energéticos por meio da melhoria da eficiência de equipamentos e dos processos produtivos; Planejar o aumento do número de fontes de energia renovável na matriz energética das atividades minerais; E incentivar a promoção de fóruns para troca de experiências e boas práticas/análise de benchmarking intra e intersetorial, bem como elaboração de guias técnicos.

Além dos GTs junto ao IBRAM, participamos ativamente do Mining Hub a alguns anos, sendo que em 2022, o ciclo de busca de desafios para as start-ups a serem incubadas nos associados contam com os eixos temáticos de eficiência energética e descarbonização, ambos intrinsicamente associados à transição energética.

Você acredita que o setor produtivo brasileiro já prioriza esse viés da sustentabilidade?

Acredito que a maioria dos entes do setor estão na etapa de entender os esforços e os desdobramentos dessa estratégia de sustentabilidade, excelência operacional, responsabilidade social e governança. Isso porque são iniciativas que envolvem estudos maiores, com grandes investimentos e paybacks de médio e longo prazo. Então, tudo isso tem que ser muito analisado e entendido com maior profundidade antes de tomadas de decisão definitivas. Porém, já conseguimos ver alguns agentes do setor produtivo adotando ações importantes.

Com relação ao ambiente internacional, você entende que o Brasil está em um bom patamar de investimentos? Ou ainda tem muito a avançar?

O País tem avançado nesse tema, mas temos muito espaço para melhorias. O “Relatório Doing Business” do Banco Central faz esse levantamento todos os anos. Na edição de 2022, o documento apontou para o Brasil grandes dificuldades relacionadas ao licenciamento e a alta carga tributária, o que nos posiciona no ranking de número 124 dentre 190 países estudados. Então, olhando esses dois temas, nós temos uma boa chance de sermos mais atrativos.

Acredita que o Brasil utiliza todo o potencial que tem para promover a transição energética?

Aproveitando a reflexão acima, para transformar nosso potencial de promover a transição energética em ações, precisamos de uma tríade de esforços relacionados a políticas públicas, reduzindo a burocracia para a abertura de novos negócios, modernizando o processo de licenciamento ambiental e atenuando a carga tributária, além engajamento da iniciativa privada e associações de classe (como por exemplo a própria ABRACE).

Voltando ao setor produtivo brasileiro. O investimento realizado pelas indústrias é revertido em diferencial competitivo?

Na minha percepção, os investimentos voltados à transição energética, buscando matrizes limpas, baixa pegada de carbono, ou até a neutralidade para alguns deles, devem ser encarados muito mais como uma questão de sobrevivência do negócio do que um diferencial competitivo. Quando olhamos para o passado – como a revolução agrícola, a revolução industrial e a revolução digital –, nós tivemos momentos de inflexões nas cadeias de negócio em que, se as empresas não estivessem adequadas a esses movimentos, suas atividades foram descontinuadas. A questão paradigma do ESG será o divisor de águas entre a permanência ou não dentro dos mercados locais e globais.

Qual a importância da regulamentação do Mercado de Carbono no Brasil?

Na maioria dos casos, não apenas no mercado de carbono, um mercado regulamentado significa segurança jurídica para todos os envolvidos e isso é muito importante na transição para uma economia de baixo carbono.

 

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